Aos 9 anos de idade iniciou seus estudos de dança no Centro Andaluz. Aprendeu ballet clássico, escola bolera, clássico espanhol, flamenco e bailes regionais com os professores cubanos Amparo Britto e Natividad Premier e a espanhola Maria Paz Dias.
A partir dos 16 anos, atuou como profissional na Cia Aires, no Ballet Espanhol de Cuba, na Cia Azaares e na Cia Tony Menendez. Apresentou-se em todos os tablados e teatros de Havana, tais como Gran Teatro Federico Garcia Lorca, El Mella, Festival Internacional de Dança Ibero-Americana e todo o complexo hoteleiro em Varadero.
Desde o ano 2000 vive no Brasil onde continua seu trabalho profissional como professor, bailarino e coreográfo no Espaço Flamenco Yara Castro, em São Paulo.
Apresenta-se em teatros e tablados e ministra cursos para estudantes e profissionais em diversas cidades além de São Paulo, dentre elas Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e outras.
links:
Toro Negro
Dança no MIS
Edição homenageia o flamenco com performance de Miguel Alonso e filme de Carlos Saura
Entrevista para a revista Sociedade da Mesa – informativo 103, outubro 2011- pagina 5 :
Dança por paixão e também como profissão. Miguel Alonso
tem uma formação em dança privilegiada: cursou a Escola
Vocacional de Dança, instituição pertencente ao Balé Nacional
de Cuba, e em seguida, ingressou no Balé Espanhol de Cuba.
Considerado o melhor bailarino flamenco no Brasil, entre a
malemolência da salsa e o vigor do flamenco, Miguel é a pura
tradução de arte e paixão.
Como você começou na dança?
O que o fez ser um bailarino
profissional?
Comecei com meus amigos na
escola. Fui para a Sociedade
Espanhola, que se chama Centro
Andaluz e fica em Havana, Cuba,
onde minha família é associada. Ali,
meus colegas de escola dançavam
flamenco. Um dia, um aluno faltou
e disseram: “Entre aí Miguel!”. Eu
entrei e comecei a dançar. Claro
que era uma rumba, uma coisa
mais soltinha, mas foi assim que
comecei. Marcando lugar até o
dia que minha professora chamou
minha mãe e pediu para ela comprar
um par de botas pra mim. Virei
um profissional por consequência
de minha educação e formação.
Éramos crianças entre 10 e 13
anos e fazíamos aula todos os dias.
Um dia, uma professora que se
chamava Andrea Mendes, formou
um grupo amador. Andrea foi uma
de minhas primeiras professoras
de flamenco, uma cubana filha de
espanhóis que criou este grupo
amador no qual comecei. Quando
aconteceu a febre do balé espanhol,
fiz uma audição e passei. Acredito
que aí comecei minha trajetória
profissional. Esta história começou
também pela experiência que tive
com grandes maestros, grandes
figuras que passaram por Cuba.
Por exemplo, Maria Paz Dias, uma
ex-bailarina do Balé Nacional de
España, que foi fazer um intercâmbio
cultural em Havana. Lá são muito
comuns os intercâmbios culturais.
Acompanhei Paz diariamente por
alguns anos. E não posso deixar
de mencionar meu aprendizado em
flamenco com Antonio Gades: fiz
aulas diárias com ele, de segunda
a sexta, durante 6 meses. Por
inspiração e admiração a eles,
tornei-me um bailarino e coreógrafo
profissional.
Por que escolheu o Brasil para
dançar e morar?
Eu conheci uma brasileira em
Cuba, uma bailarina. Casamos e
tivemos um filho. Decidimos morar
aqui no Brasil muito em função da
pressão política que há em Cuba,
dificultando a expansão profissional,
em nosso caso, na dança. Os
recursos lá são bem menores.
Nosso filho também foi um forte
motivo, poder educá-lo aqui no
Brasil.
Conte-nos um pouco da vida em
Cuba... Sente saudade?
Saudade vou sentir a vida inteira.
É a minha terra. A vida em Cuba,
para a formação profissional,
principalmente em arte, no meu
caso, foi muito importante. Eu tinha
aulas todos os dias, era chamada
escola vocacional. Enquanto
estudava dança, as demais matérias
como matemática, conhecimentos
gerais etc., eram incluídas na
programação.
A escola em que estudei era a L19,
em Havana (este nome era pelo
nome da rua onde estava a escola).
Uma escola vocacional de arte.
Nela, conheci muitos artistas, de
músicos a pintores, bailarinos de
dança moderna a clássica, de afro a
dança aquática. De tudo, sendo que
cada um tinha sua leitura específica
em sua própria arte.
Tinha um ônibus da escola que
passava por todos os bairros de
Havana recolhendo as crianças.
Eu começava às 7h30 todos os
dias, com as aulas de dança:
eficiência física, balé clássico e logo
escola bolera, clássico espanhol
e flamenco. Parávamos para o
almoço, e à tarde seguíamos com
espanhol, geografia, matemática,
história e matérias de um curso
convencional. Ao final da tarde,
pegávamos o ônibus e voltávamos
pra casa. Quando adolescentes,
já fazíamos shows em tablados e
teatros após as aulas, no início da
noite. Assim, começaram as viagens
e o convívio com grupos de dança.
Este foi meu início e minha formação
acadêmica e de baile. (....)
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